Dois pesos e duas medidas

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013




Desde a conturbada chegada de PH Ganso ao São Paulo no fim do ano passado, muito vem se falando e especulando sobre suas capacidades, seu potencial e sua verdadeira situação física.
Este jogador já ganhou inúmeros títulos, alguns dos mais importantes e mais cobiçados como a Libertadores da América e em poucos anos de vida já tem quase o mesmo cartel de títulos do que alguns clubes paulistas.
Não é exatamente um gênio, mas é craque e mostrou sua imensa qualidade como meia, sua personalidade e liderança muitas e muitas vezes ao longo dos últimos anos, contribuindo para as conquistas do Santos.
Chegou com muito mérito à seleção, quase que incontestável. Todo mundo enxergava Ganso como o cara, o camisa 10 da seleção. O maestro.
Como todos sabemos, as inúmeras contusões acabaram por prejudicar a sequência de sua carreira, tirando-o de muitos jogos, inclusive alguns decisivos. Mas quando estava em campo era sempre PH Ganso, sempre desequilibrava e sempre tinha algo novo pra mostrar em seu repertório, que ao lado de Neymar parecia inesgotável e incrível.
Mesmo com inúmeros títulos e resultados favoráveis essas lesões acabaram por desvalorizá-lo, colocando todos os holofotes em seu parceiro de ataque, que ficou com quase todo o crédito pela boa fase do time da baixada, como se ele jogasse sozinho.
Aliás, a saída de Ganso do time que o formou, em grande parte se deve a falta de valorização que o atleta recebeu. Seu salário era ridículo perto do de Neymar, seu contrato não era tão interessante, mesmo ele sendo o meia incontestável da Seleção. Por diversas vezes PH externou sua insatisfação com essa situação, mas nada foi feito pela diretoria santista, que se aproveitava das muitas lesões para manter as mesmas condições contratuais e salários. Essa indecisão trouxe certo desconforto ao atleta, que passou a ser hostilizado pela torcida, que chegou a chamá-lo de mercenário, entre outros elogios, atirando moedas contra o jogador.
O fim dessa história todo mundo já sabe, Ganso rompe com o Santos e se transfere ao Tricolor paulista como uma das grandes transações do futebol brasileiro e é apresentado com festa no Morumbi. Mas o que não podíamos imaginar é que a história estava apenas começando.
O fato de Paulo Henrique subir a serra iria transformar sua vida de forma decisiva. Pra começar, o próprio presidente do alvinegro praiano declarou elegantemente que o atleta tinha uma lesão incurável e que estava acabado para o futebol.
Esse era o prato cheio que alguns meios de comunicação queriam pra começar o massacre ao jogador. O simples fato de ele estar no São Paulo já parecia o suficiente para que ele fosse visto de outra forma, como se tudo que ele era e tudo que ele representava para o futebol até então tivesse sido esquecido.
Desde sua chegada ao clube do Morumbi, Ganso vem mostrando grande humildade e vontade de se recuperar e tornar-se um grande ídolo, trazendo conquistas a quem o acolheu.
Porém, a imprensa vem sistematicamente tentando montar um cenário pessimista quanto ao retorno do atleta, criticando duramente suas atuações, dando a ideia de que é um jogador acomodado, que não tem muitas aspirações, que não tem mais condições físicas, que nunca mais será o mesmo, entre tantas outras coisas.
Parece esquecer tudo que Ganso já fez pelo futebol, de todo seu potencial e que o garoto tem ainda 23 anos. Parece que o fato de estar no São Paulo e não mais ao lado do queridinho do futebol brasileiro faz com que o atleta não seja mais o mesmo. Agora ele é outro, um travado, doente, um incapaz.
Imagina como teria sido a história de Ronaldo “Fenômeno” ao retornar para futebol nacional se tivesse jogado no Tricolor e não Corinthians?
Como seriam as manchetes?
Ele teria recebido o apoio incondicional da imprensa?
Teriam esquecido suas noitadas com travestis?
Teriam cogitado seu retorno à Seleção?
Teriam esquecido que ele era um ex-atleta em atividade, ganhando uma verdadeira fortuna e jogando com muito mais de 100 quilos?
Os inúmeros comentários negativos feitos a PH não eram tão lúcidos e imparciais quanto pareciam. Eram sim tendenciosos e tinham claro objetivo de plantar discórdia dentro dos vestiários do Morumbi, em especial no fim do ano passado, quando a equipe tricolor da capital fazia ótima campanha no Brasileirão e na Sul-Americana. Esses comentários continuam e são cada vez mais pesados.
Por que não comentam da seriedade de suas lesões e que um atleta demora pra se recuperar 100%. Por que não falam da dificuldade de adaptação natural que um jogador tem ao mudar de clube e principalmente quando em sua chegada o time já estava montado e em plena ascensão?
Por que não enaltecem sua dedicação e evolução, ainda que lenta?
Lembram de Jadson? Quanto tempo ele demorou pra se adaptar ao São Paulo, ao futebol brasileiro, quanto tempo até ele jogar bem e convencer? Ainda hoje ele não é unanimidade!
Não quero aqui defender Ganso, dizer que ele está jogando muito e que ele deveria ser imediatamente titular no lugar do nosso atual camisa 10, o que eu quero dizer é que tenhamos paciência, sabedoria e que não nos deixemos influenciar pela imprensa que nos massacra com propaganda negativa e tendenciosa.
Não é o fim de Ganso e nem de sua história. Essa união entre jogador e São Paulo tem tudo pra ser grande e vitoriosa, mas isso será impossível sem o apoio da torcida, sem nossa visão crítica, sem nossa força de reagir.
Continuamos de olho.

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